Deepfakes: Como proteger sua empresa contra a nova geração de fraudes digitais
Deepfakes: Como proteger sua empresa contra a nova geração de fraudes digitais
Introdução
Os deepfakes são um fenômeno relativamente recente, que explora tecnologias avançadas de Inteligência Artificial (IA) para criar conteúdos falsos que são incrivelmente realistas. Através do uso de redes neurais profundas, essas tecnologias permitem a manipulação de vídeos, áudios e imagens, de modo a criar representações convincentes de eventos que nunca ocorreram. O termo “deepfake” é uma junção de “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso), refletindo a essência dessas criações que podem enganar até mesmo os observadores mais atentos.
Inicialmente, os deepfakes surgiram em contextos de entretenimento e sátira, mas rapidamente evoluíram para uma ferramenta poderosa com potencial para fraudes, desinformação, e até manipulação política. Empresas, governos e indivíduos podem ser alvos dessas ameaças, tornando imperativo o desenvolvimento de estratégias eficazes para mitigar os riscos associados.
Como as empresas podem se proteger contra Deepfakes
Proteger-se contra deepfakes exige uma abordagem multifacetada, integrando tanto soluções tecnológicas quanto práticas de governança robustas.
Fortalecimento da cultura de segurança
Para enfrentar a ameaça dos deepfakes, as empresas devem começar por fortalecer a cultura de segurança em todos os níveis organizacionais. Isso inclui a conscientização sobre o que são deepfakes, como eles podem ser usados para enganar, e as potenciais consequências de uma fraude bem-sucedida. Programas de treinamento contínuo e campanhas de conscientização são essenciais para que todos os colaboradores, desde os executivos até os funcionários da linha de frente, estejam preparados para identificar possíveis ameaças.
Implementação de tecnologias de detecção
O Gartner destaca a importância de investir em tecnologias de detecção de deepfakes. Ferramentas baseadas em IA, que podem identificar sinais de manipulação em vídeos e áudios, são cruciais para ajudar as organizações a distinguir conteúdos autênticos de falsificações. Esses sistemas utilizam algoritmos que analisam inconsistências sutis, como anomalias na iluminação, sincronização labial imprecisa, ou padrões incomuns no áudio.
Monitoramento contínuo e resposta rápida
Empresas devem adotar uma postura proativa em relação ao monitoramento de seus ativos digitais. Isso inclui a vigilância constante de plataformas onde deepfakes possam ser disseminados, como redes sociais e canais de comunicação internos. Quando uma potencial ameaça é detectada, é crucial que as organizações tenham processos bem definidos para responder rapidamente, minimizando o impacto e contendo a disseminação de informações falsas.
Políticas e procedimentos de governança
Além das soluções tecnológicas, as empresas precisam estabelecer políticas claras e procedimentos de governança que definam como lidar com incidentes de deepfake. Isso inclui planos de resposta a incidentes, protocolos de comunicação em caso de disseminação de deepfakes, e diretrizes legais para perseguir os responsáveis por tais ataques. O Gartner recomenda que as empresas revisem e atualizem regularmente suas políticas de segurança para incluir ameaças emergentes, como os deepfakes.
Visão para gestores e administradores de segurança
Gestores devem adotar uma postura estratégica e informada em relação aos deepfakes, reconhecendo que a prevenção e mitigação dessa ameaça requerem um compromisso contínuo com a segurança cibernética. Isso inclui alocação adequada de recursos, apoio à implementação de novas tecnologias, e a promoção de uma cultura organizacional que priorize a segurança.
Os administradores de segurança têm a responsabilidade de implementar as tecnologias e processos necessários para detectar e mitigar deepfakes. Isso envolve a integração de ferramentas de detecção em sistemas existentes, a manutenção de um monitoramento rigoroso, e a resposta rápida a qualquer ameaça identificada. Além disso, devem colaborar com outras áreas da empresa para garantir que as políticas e procedimentos estejam alinhados com as melhores práticas do setor.
Casos reais de Deepfakes
O uso de deepfakes tem se tornado cada vez mais comum em diferentes contextos, gerando impactos significativos tanto no cenário corporativo quanto no político. Aqui estão alguns casos notórios que ilustram a gravidade e as consequências dessa tecnologia.
Fraude corporativa com vozes sintetizadas
Em março de 2019, um caso amplamente divulgado envolveu a utilização de um deepfake de voz para fraudar uma empresa de energia baseada no Reino Unido. Um executivo sênior acreditou estar conversando com o CEO da matriz na Alemanha e, seguindo as instruções falsas, transferiu cerca de 243 mil dólares para uma conta bancária na Hungria. O deepfake foi tão convincente que replicou perfeitamente o sotaque e a entonação característica do CEO, enganando o executivo britânico.
Manipulação política com Deepfakes
A arena política também tem sido alvo de deepfakes, com exemplos perturbadores de vídeos manipulados sendo usados para distorcer a percepção pública. Um exemplo notável ocorreu em 2019, quando um vídeo da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, foi manipulado para parecer que ela estava falando de maneira incoerente, como se estivesse embriagada. Esse vídeo foi amplamente compartilhado, inclusive por figuras públicas, contribuindo para a disseminação de desinformação.
Ataques a executivos de alta visibilidade
Em agosto de 2022, a Binance, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, foi alvo de um ataque envolvendo deepfakes. Um vídeo falso, criado a partir de entrevistas reais do Diretor de Comunicações da empresa, foi utilizado em uma chamada de Zoom para enganar equipes de projetos de criptomoedas. Esse caso destaca como deepfakes podem ser usados para ataques direcionados a executivos de alto nível, com potencial para causar prejuízos financeiros significativos.
Conclusão
Os deepfakes representam uma ameaça significativa e em constante evolução para as empresas. Com o avanço das tecnologias de IA, espera-se que essas falsificações se tornem ainda mais sofisticadas e difíceis de detectar. Portanto, é fundamental que as empresas invistam em tecnologias de detecção, fortaleçam sua governança e promovam uma cultura organizacional de segurança cibernética robusta. Ao adotar essas práticas, as organizações podem mitigar os riscos associados aos deepfakes e proteger sua integridade e reputação em um cenário digital cada vez mais desafiador.
Fontes:
- Emerging Tech: The Impact of AI and Deepfakes on Identity Verification
- The 10 Scariest Future Tech Trends Everyone Must Know About Right Now | Bernard Marr
- Deepfakes in the Real World – Applications and Ethics – viso.ai
- Deepfakes in 2024 are Suddenly Deeply Real: An Executive Briefing on the Threat and Trends | Teneo
- The Best (And Scariest) Examples Of AI-Enabled Deepfakes | Bernard Marr