Ataque com R$ 26 milhões desviados expõe o ponto cego das fintechs: o risco de terceiros
Ataque com R$ 26 milhões desviados expõe o ponto cego das fintechs: o risco de terceiros
Segundo reportagens recentes, R$ 26 milhões foram desviados em um ataque que explorou credenciais vinculadas a um fornecedor. O caso reforça a importância de gerir o risco de terceiros como parte central da estratégia de segurança de qualquer instituição financeira.
O que aconteceu
Na última semana, diversos veículos noticiaram que a fintech FictorPay sofreu um desvio de recursos que totalizou cerca de R$ 26 milhões, resultado de movimentações atípicas via Pix. As primeiras apurações apontam que o incidente estaria relacionado ao vazamento de credenciais em uma empresa fornecedora de software que integra operações da fintech, e as investigações seguem em andamento.
Importante: as autoridades e as empresas envolvidas continuam investigando os fatos. Nosso objetivo aqui não é atribuir culpa, e sim extrair lições operacionais e estratégicas que possam ajudar outras organizações a reduzir a probabilidade e o impacto de eventos desse tipo.
Por que isso não é apenas “mais um ataque”
Há três elementos que tornam esse episódio relevante para o mercado:
- Risco de cadeia (third-party risk): quando uma organização terceiriza funções críticas (processamento, integrações, APIs, gestão de pagamentos), a sua superfície de ataque passa a incluir todas as cadeias de fornecedores. Falhas em um elo afetam o todo.
- Credenciais são alvos preferenciais: muitos ataques não exigem malwares sofisticados — bastam acessos legítimos comprometidos (credenciais, tokens, chaves) para que movimentações automatizadas ocorram. Isso mostra a importância de controles de identidade e monitoramento.
- Impacto operacional + reputacional: além do prejuízo financeiro direto, incidentes assim corroem a confiança do cliente, atraem escrutínio regulatório e podem acelerar exigências do regulador sobre limites e controles em transações instantâneas.
O que o mercado (e reguladores) já começam a discutir
Fora noticiado que o episódio levou órgãos reguladores a reavaliar limites e controles sobre transações instantâneas quando há intermediação de prestadores de serviço — movimento que tende a aumentar o compliance e a exigir maior diligência por parte das fintechs. Novas exigências regulatórias, quando vierem, serão um sinal claro de que a governança de fornecedores deixou de ser um diferencial e passou a ser obrigação.
Recomendações práticas
Para times de TI, segurança e governança de empresas financeiras (e para qualquer organização que dependa de terceiros) sugerimos um conjunto de ações de curto e médio prazo:
Curto prazo
- Revisar e reduzir privilégios: aplicar princípio do menor privilégio nas integrações e contas de serviço.
- Forçar rotação de credenciais e chaves: especialmente em integrações críticas.
- Autenticação forte: exigir MFA/2FA para contas com acesso a movimentações financeiras e APIs sensíveis.
- Monitoramento de transações anômalas: abra alertas para padrões que fogem ao perfil (horário, volumes, destinos).
- Planos de contenção e playbooks: ter runbooks prontos para bloquear integrações comprometidas, isolar chaves e comunicar stakeholders.
Médio prazo
- Due diligence contínua de fornecedores: não basta um assessment inicial. Implemente avaliações periódicas de segurança, pentests e auditorias de conformidade.
- Contratos com SLAs de segurança e cláusulas de incidente: prever responsabilidades, comunicação e ressarcimento/cooperação técnica em contratos.
- Segmentação e segregação de ambientes: isolar ambientes de produção e limitar o blast radius de integrações de terceiros.
- Inventory & CIEM: manter inventário atualizado de todas as entidades/identidades que possuem acesso (humanas e máquinas) e usar ferramentas de CIEM (Cloud Infrastructure Ent. Mgmt) para governança de identidade.
- Simulações conjuntas com parceiros: executar incident response tabletop exercises que incluam fornecedores críticos.
Como a Next4Sec pode ajudar
Incidentes que exploram fornecedores são complexos porque exigem ação coordenada entre equipes internas e externas. Na Next4Sec atuamos com programas que combinam GRC (governança e contratos), validação técnica (assessments, pentests), e sustentação (MSSP / SOC) para reduzir o risco de terceiros e aumentar a visibilidade de eventos em tempo real.
Se sua empresa depende de fornecedores para processamento, integração ou serviços em nuvem, podemos:
- mapear e priorizar seus fornecedores críticos;
- implementar controles de identidade e monitoramento contínuo;
- desenhar playbooks de resposta a incidentes que envolvam terceiros;
- apoiar na revisão contratual com cláusulas de segurança.
Conclusão
O episódio envolvendo a FictorPay é um lembrete: a segurança da sua operação não termina no firewall da sua empresa — ela atravessa contratos, integrações e fornecedores. Organizações resilientes tratam a gestão de terceiros como prática contínua, não como tarefa pontual.
Quer transformar essa lição em ação concreta? Fale com a Next4Sec e vamos mapear os riscos que seus fornecedores representam, além de reduzir a janela de exposição antes que o próximo incidente aconteça.